Um dia, um belo dia, surgiu em minha vida, que ainda despertava para o mundo, um jovem de sotaque que puxava pelos  “Ss” fazendo-os quase se valer um “X”  e que  chamava Colégio de “Culégio”. Começava ali uma amizade que além de durar muito tempo, teve profundas implicações em minha vida e também na dele.
Conheci Pedro Paulo nos bons tempos da turma do Trenzinho e do edifício Transatlântico, Av. Boa Viagem. Junto com ele e com uma boa turma vivemos os bons tempos do Boa Boliche, das festinhas, do búzios e do Tio Pepe ali na beira mar. Introduzi PP no surf com meu primeiro long board de isopor e Gaibú era nosso reduto. Logo ele adquiriu a sua Gledson, marca nova que estava chegando ao mercado. Depois de muitas pranchas, muitas dormidas nas varandas das casas dos veranistas que nunca veraneavam em Gaibú, debutamos em Maracaípe em um final de semana onde haveria um campeonato de surf, mas o organizador sumiu com as inscrições e a multidão de jovens nordestinos, não mão, aproveitou apenas o grande swell daquele fim de semana. Embaixo daquela lona esticada no velho fusca do “Serjão” fomos acordados pelo velho amigo Fernando Murrinha que dava as coordenadas do mar, que na realidade, apenas entendemos que estava muito bom e pudemos presenciar aquela beleza de maracaípe como ninguém mais consegue ver hoje em dia.
Foram muitos desses mares que surfamos juntos, mas a maior onda que de fato pegamos foi quando juntos iniciamos nossa remada na direção da “onda” de Jesus. Quantas experiências, quantas aventuras, quantas alegrias… Juntos decidimos passar entre os 10 primeiros lugares em Eng. de Pesca e assim conseguimos, juntos compartilhamos um chamado para o ministério, juntos entramos para o seminário, vivemos uma vanguarda de trabalho entre jovens cristãos no Recife, fomos pioneiros na Igreja Anglicana em Boa Viagem e mentoreados de perto pelo nosso amado Bispo Sherril.
Saudade é a palavra exclusiva de nosso idioma, mas exclusiva também para expressar o que sinto daqueles bons tempos de encontros, reuniões da sexta feira com D. Léa preparando o lanche para aqueles muitos jovens que vinham ouvir de Jesus.
De nosso bom tempo de UFRPE e da ABU, de Tamandaré e de nossos acampamentos de carnaval tão abençoados e que tantas vidas abençoaram.
A história de nossas vidas tomou alguns atalhos diferentes, mas permanecemos na mesma direção, aquela de onde nunca nos desviamos, a direção do centro da vontade de Deus. Pedro foi um grande irmão, um amigo, parceiro cheio de amor, cheio de graça e um líder por natureza. Ao lado de sua sempre fiel companheira Nádia e junto com Valéria vivemos grandes momentos na intensa vida que lhe foi solicitada de volta no dia de hoje.
A Bíblia fala da vida nessa dimensão como nuvem passageira, orvalho que se dissipa, piscar de olhos. Dificilmente encontraremos respostas para nossos questionamentos quanto a essas surpresas que nos aterrorizam na nossa humanidade limitada.
Pedro, você sempre pareceu estar à frente de nós  e mais uma vez saiu na frente, você está hoje na presença plena de Deus e nós continuamos tentando entender melhor o que isso significa de fato, aquilo que os nossos olhos não viram,  e que não podemos materializar em nossas limitadas mentes, você já vislumbra.
Amigo, meu pranto somente se atenua em sua intensidade quando me lembro que a certeza da ressurreição nos traz a possibilidade de um reencontro onde esse pranto cessará e a dor, o medo e outras limitações nos deixarão de vez.
Nadia, seu marido foi referência para nossa geração
Felipe, Lucas e Priscila , olhem para seu exemplo de servo
Meu querido irmão
Obrigado por ter existido em minha vida
Eternamente grato
Seu irmão
Miguel

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